terça-feira, 18 de novembro de 2008

Odeio banalidades

"Eu, que sou mais banal e vulgar, que a mais banal das mulheres.
Eu, que sou tão comum, que nem preciso olhar-me ao espelho,
Igual que sou a tantas outras, com que me cruzo, e das quais não me distingo.
Odeio banalidades!
Odeio as frases feitas de quem pergunta:- Olá como está? E não quer saber.
Odeio os bons dias, as boas tardes, as boas noites,Ditos sem pensar, ou a pensar em coisa nenhuma,Ou a pensar noutra coisa qualquer que não o desejo,
Que o dia, a tarde, ou a noite, Corram bem e sejam bons. Eu odeio frases feitas!
Odeio vizinhas à janela! Odeio os amigos da onça, com vidas tão fúteis e pequeninas que dissecam as dos outros. Que cortam a casaca dos melhores amigos, Pedaço a pedaço.
Achando que os amigos, são os melhores amigos, e nunca cortariam as deles, Mas cortam!!
E são más-línguas, maus caracteres, sem carácter!
Eu odeio vizinhas a bisbilhotar à janela!
E as pessoas que passam?
As pessoas anónimas que percorrem as ruas em zig-zag evitando pedintes e mãos que se estendem?
E que colam a mala ao corpo achando que ser pobre é ser ladrão.
E se aconchegam na roupa comprada na Zara, ou nos mercados de rua. Mas muito sua!
E são caridosos, piedosos, apiedados, Compreensivos com a desgraça alheia se não tiverem de dar um cêntimo, e a caridade só se for da boca para fora!
Eu odeio a caridade hipócrita da multidão!
E os gajos?Os gajos mesmo gajos!Os gajos na verdadeira acepção da palavra!
Os que se sentam em esplanadas ou se encostam em montras esperando as mulheres, As deles.
E discretos apreciam pernas e cus das outras, As que passam. E lambem os beiços, e coçam os tomates, e pensam ou dizem:- Esta gaja é muita boa!
Como odeio a frase ”esta gaja é muita boa”! Dita por gajos que em casa têm mulheres que nem olham,E às quais nem falam.
E que na cama despacham sexo e mulher, Despejando o desejo nas gajas boas que comeram com os olhos na rua.
Ah! Como eu odeio estes gajos!
E as gajas? As santinhas, as pudicas, as que têm sempre na ponta da língua um: Ai credo, um julgamento, uma condenação.
As que são contra o aborto, contra a pílula,
Contra tudo o que seja sexo! Escrito, pintado, feito, falado.
E quando têm “maus pensamentos” correm às sacristias:- Sr. Padre, sonhei que estava a fazer sexo oral. Confessam.
Como se sexo oral fosse um pecado capital, Esquecendo que só o peixe morre pela boca.
E lavam as mãos nas pias, E cumprem todas as penitências, Mas falam do sexo da vizinha que é uma descarada. E são donas de verdades absolutas. E nunca têm dúvidas.
E só dizem… B A N A L I D A D E S!
Ah! Como odeio falsas santinhas e ratas de sacristia!
E eu? Eu que sou banal, normal, vulgar, Odeio a vulgaridade!
Mando à merda quem me chateia!
Escrevo asneiras se me dá na gana!
Para um sacana sou sacana e meia!
E como eu odeio sacanas! Aqueles de falas mansas e que parecem uns santos,
E dão a roupa toda e ficam em pêlo, Pelos outros. E em casa vão ao pêlo às mulheres
E deixam-nas: Negras de pancada, Negras de dor, Negras de pavor.
Ah …Se eu pudesse dava um tiro nos cornos desses sacanas!
E a outros: Aos abusadores, aos ladrões de inocências,aos que roubam infâncias e semeiam pesadelos. A esses, castrava-os! Aos do passado, aos do presente, aos do futuro.
Já que a justiça não castra senão a esperança de justiça!…
Eu, que sou mais banal e vulgar, que a mais banal das mulheres.
Eu, que por fora ninguém distingue, ou olha duas vezes ao passar.
Odeio banalidades!"
_By encandescente_

3 mangueiradas na patareca:

Catarina disse...

Foste tu que escreveste?

Clay Datsusara disse...

Ia fazer a mesma pergunta

Loba disse...

não... foi a encandescente! é uma bloguista.